terça-feira, junho 15, 2010

Alemanha: sem medo de apostar nos jovens

A estreia do Nationalelf em Durban contra os Socceroos, na tarde brasileira de ontem, foi seguida de muitas expressões de admiração pelo futebol ofensivo e solto de uma seleção historicamente conhecida pela robotização de seus jogadores e, principalmente, pela baixa média de idade dos atletas titulares da equipe.
Apesar de ter a firme convicção de que isso só demonstra mais uma vez o despreparo de parte da nossa imprensa, pois a partida só confirmou mais uma vez aquilo que os amistosos de preparação já deixavam claro, o ponto a ser discutido não é esse.

A grande questão, creio eu, é que aos poucos o futebol brasileiro vai ficando para trás em relação a outros gigantes por conta da filosofia de seus treinadores e dirigentes. Quando Joachin Löw promoveu a entrada de Marko Marin, já perto do final do segundo tempo, era nítido o espanto de Galvão Bueno quando disse a Casagrande que era mais um jovem entrando em uma equipe que já contava com vários deles.

Virada - E essa aposta que Löw está fazendo nos jovens vem sendo bancada pela DFB (Confederação Alemã de Futebol, na sigla em alemão), por conta dos excelentes resultados obtidos pelas suas equipes na base. Dois anos atrás, a Alemanha viu sua Sub-19, uma equipe também técnica e leve que incrivelmente era comandada pelo panzer Horst Hrubesch - aquele jogador que dá números finais à dramática semifinal contra a França, na Espanha-82, já quase no final do segundo tempo da prorrogação - ser coroada campeã europeia no torneio cuja fase final foi disputada na República Checa.

No ano passado, a nata da nova geração alemã venceu a Euro Sub-21 e ainda se deu ao luxo de humilhar a Inglaterra na final com um sonoro 4 x 0. A equipe convocada para disputar a fase final na Suécia contava com muitos jogadores que estavam em campo ontem (Neuer, Badstuber, Khedira, Özil, que acima aparece em foto do Zimbio, e Marin participaram da partida; Boateng e Kroos ficaram na reserva).
Um outro jogador daquele seleção, o lateral Andreas Beck, que joga na equipe da SAP :-P, estava convocado. No entanto, acabou cortado. Em seu lugar foi convocado Cacau.

Enquanto para a Alemanha o futuro já começou, o Brasil de Dunga conta com pouquíssimos jogadores capazes de disputar a próxima Copa. E essa situação só não é pior do que a da Itália, que também não tem presente. Não é por nada que a manchete do Corriere dello Sport hoje, quando estreia na Copa a atual campeã, é “Italia: ricorda chi sei”.

No entanto, ainda mais grave que a opção por um duvidoso imediatismo - ninguém pode absolutamente garantir que o experiente grupo de Dunga vá levantar a Copa apenas por causa disso - é ver que a filosofia histórica do futebol brasileiro (jogadores leves, habilidosos e técnicos) foi abandonada por essas bandas. E incrivelmente, ela vem sendo aplicada com propriedade por aqueles que antes aplaudiam a nossa capacidade técnica e o improviso do nossos jogadores, como alemães e espanhóis.

Possibilidades - Creio que até torcedores mais jovens, como Didi Pimenta e Pedro já sabem que Copa do Mundo é um torneio traiçoeiro. Nela, o menor erro pode custar a eliminação.

No entanto, a Alemanha, ao contrário do que muitos acreditavam, foi mais uma vez disputar a fase final de uma Copa com a ambição de voltar para Berlim carregando a taça.

O potencial da equipe é inegável, mas a juventude ainda cobra seu preço. Nos dois amistosos recentes contra equipes mais qualificadas (Argentina e Bósnia), o Nationalelf saiu perdendo por conta de desatenção no sistema defensivo.

Na partida contra os argentinos também foi possível observar um certo nervosismo na hora de buscar o empate.

É preciso dizer em defesa da jovem equipe de Löw que são pouquíssimas as seleções hoje que contam em seus elencos com jogadores do porte de Messi e Džeko, para ficar restrito aos principais talentos dos adversários recentes da Alemanha.

Assim, pela tradição em Copas e pelo peso da camisa, não é de se excluir que no próximo dia 11 vejamos novamente a cavalgada das valquírias em uma final de Copa.

5 comentários:

  1. Eu mudei completamente de idéia sobre a Alemanha. Fiquei surpreso coma Blitz que Özil, Müller, Klose e Podolski (o número 6 também) aprontaram pra cima da Austrália pois mesmo com os 11 jogadores no campo de defesa os australianos não viram a bola. Foram envolvidos e não conseguiram jogar. A Alemanha sobrou muito no jogo e particularmente gostei demais da atuação do Özil. Aliais só de sentir o temor de uma final Brasil x Alemanha com a dupla Özil/Muller indo pra cima do Felipe Melo/Thiago Silva, vou preferir cair nas semifinais do que levar outro 3 x0.
    Foi uma pena ter notado este time só agora mas acho que teremos mais 6 jogos pra curtir. Obrigado FIFA pelos enquadramentos!

    ResponderExcluir
  2. Pois é, a Alemanha pagou pela juventude do time, pela besteira do Klose e pela falta de pontaria do Podolski no jogo de hoje. Quando não foi isso, foi a trave e os zagueiros sérvios. Com o resultado o grupo está completamente aberto.
    Em tempo: é o segundo jogo que ninguem acerta nada no bolão.

    ResponderExcluir
  3. Com esses últimos resultados, a tendência é que a última rodada em vários grupos seja daquelas... Um verdadeiro teste para cardíaco, diria um certo narrador.

    E um pequeno pitaco sobre a última partida da Argentina: Maradona sacou mesmo Verón, mas colocou em seu lugar Maxi Rodriguez e não o Bolatti, como sugeria no texto sobre as possíveis modificações para ele sanar os problemas nas laterais do gramado.

    No entanto, os jogadores do meio e ataque mostraram uma aplicação incomum na marcação à saída de bola do adversário.

    E isso acabou favorecendo muito o equilíbrio geral da equipe e mascarou bastante as fraquezas defensivas.

    ResponderExcluir
  4. Srs. Eu pergunto: qual o percentual de acerto no bolão nessa segunda rodada? Os cartões vermelhos e a falta de criatividade estão acabando com os palpites! Pepper?

    ResponderExcluir
  5. No total houve 4 jogos que ninguém acertou nada (Espanha x Suiça, Grécia x Nigéria, Alemanha x Sérvia e Inglaterra x Argélia), sendo que 3 foram dos 7 jogos da segunda rodada.

    ResponderExcluir