Bem amigos garnizés,
Demorei para fazer o meu primeiro
post, mas aí vai.
Nos últimos 30 dias tenho
acompanhado todos os programas esportivos da tv brasileira. Desde o superficialíssimo
“Globo Esporte”, passando pelo cômico “Os donos da Bola” (o Neto é toscamente
impagável), até o um pouco mais sério “Sportcenter” e o excelente “Boa Noite,
Copa”, que Paulo Roberto Falcão comanda no FoxSports.
Em todos eles, o tema é sempre
analisar, à exaustão, os prós e contras da nossa seleção.
Invariavelmente, são listados
como pontos positivos o fato de jogar em casa, a experiência do Felipão, a
presença da maioria dos jogadores nas grandes ligas do futebol mundial e, é
claro, o Neymar.
Os pontos negativos também não variam
muito: a falta de ritmo do Júlio César (que apesar de experiente só jogou 7
jogos este ano e ainda por cima na poderosa liga canadense, onde o chute
certamente é dado com um taco e futebol se chama soccer); a ausência de jogadores com participações anteriores em
copas; a não convocação de um meia ao estilo Rivaldo, o clima de já ganhou e
etc.
Mas, pensando bem, será que
existem mesmo prós e contras no esporte, no caso o futebol (“soccer”, corrigiria-me nosso goalkeeper)?
Bem, se formos pensar em
responder aos pontos negativos e positivos destacados na TV, a resposta seria “não”.
O que existe é competência e sorte.
De fato, se jogar em casa fosse
fundamental, não precisaríamos entrar em campo na copa, era só dar a taça para
o anfitrião. Jogadores em grandes ligas? Bem, até onde eu saiba ganhamos 3
copas com jogadores do eixo Rio-São Paulo e por aí vai.
Para cada um dos prós ou contras
sempre caberá uma objeção: não tem jogadores com experiência em copas? E daí?
Com os mesmos jogadores trituramos a Espanha na Copa das Confederações. Não
temos um meia como Rivaldo? E já não ganhamos copas sem ele?
A verdade, amigos, é que desde
que o escrete canarinho acabou com a nossa rodriguiana síndrome de vira-latas
em 1958, nunca mais admitimos perder. Estamos sempre buscando motivos para as
nossas derrotas do lado de fora do campo, como se tivéssemos perdido por efeito
de magia ou algum ato conspiratório, tramado nos porões da Fifa.
Ora, o Brasil perdeu a Copa de 82
porque vacilou diante da Azzura, que
jogou melhor e levou (e foi a campeã, diga-se); perdeu 98 pelo mesmo motivo,
não porque o Ronaldo (na época, “inho”) tenha tido o que quer que fosse; em 2006
o Roberto Carlos estava arrumando as meias, mas perderíamos do mesmo jeito e 2010
foi pro buraco nas quartas porque o nosso goalkeeper
(ai meu Deus...) falhou feio e a Holanda foi melhor.
O que esses programas de TV deveriam
fazer, ao invés de ficar achando desculpas de antemão para um eventual
maracanaço parte 2 (que Deus nos livre!), é contar a história dos jogadores, mostrar
de onde vieram, por onde jogaram, se têm filhos e etc. Nossa seleção é muito
estrangeira, quase alienígena. Quem não acompanha futebol europeu só fica conhecendo os jogadores
antes da copa. Por outras palavras, a TV deveria trazer a seleção para perto do
povo novamente, para que todo mundo saiba a escalação de cor, pinte a
bandeira do Brasil nas ruas (por que não se faz mais isso, aliás?), pendure
bandeirinhas nos postes, use peruca do David Luiz...
Enfim, a TV deveria fazer o povo
se apaixonar pela seleção a cada quatro anos. Afinal de contas, nós somos,
queiram ou não os black blocs, “a
pátria em chuteiras”.
E olha que só somos Pátria durante a copa. Por que perder
esse momento?
Abraços,
Fernando