segunda-feira, junho 21, 2010

Itália: situação ruim deve piorar


A até aqui patética campanha italiana na África do Sul não é obra do acaso ou mero azar. Quem acompanha atentamente o calcio sabe já há algum tempo que a renovação na Azzurra se faz necessária, mas falta material humano para que esse objetivo possa ser consumado.

E o que é mais preocupante: se o atual momento é ruim, ele deve piorar ainda mais nos próximos anos. A tendência é o nível cair para a disputa da fase eliminatória para próxima Eurocopa, que será sediada conjuntamente por Polônia e Ucrânia.

Como se isso já não fosse ruim o suficiente, o grupo italiano é o único que conta com três seleções classificadas para a atual fase final da Copa (a própria Itália, Sérvia e Eslovênia).

Esperanças - No atual grupo convocado por Lippi para a aventura africana, poucos são aqueles que deverão continuar na Azzurra após o Mundial. Basicamente três são os jogadores jovens que vão permanecer e deverão, em um futuro razoavelmente breve, virar titulares fixos: o talentoso, mas ainda um pouco irresponsável, zagueiro Bonucci, que está de malas prontas para trocar a Puglia pelo Piemonte - deve ir para a Juventus logo após a Copa -, o ex-zagueiro e agora lateral esquerdo Criscito, um ex-bianconero que cresceu bastante depois que foi para o Genoa, e o também genoano Salvatore Bochetti - sem gracinha!

Este último, apesar de ser zagueiro de origem, deve acabar sendo “promovido” para o meio, pois a equipe da Ligúria atua com três jogadores na zaga e Cesare Prandelli, próximo treinador da Itália, não é muito fã desse sistema.

Entre os veteranos, é muito provável que Chiellini, Danielle de Rossi, Marchetti, Marchisio, apesar das decepcionantes performances na África, e talvez Montolivo também permaneçam.

Como é possível perceber, apenas oito dos 23 nomes convocados por Lippi devem continuar depois da Copa. Aí começarão os problemas de Prandelli.

Com a falta de talentos no país, é certa a pressão da mídia para uma convocação de Antonio Cassano. “Fantantonio”, como é carinhosamente chamado pelos torcedores blucerchiati, é atualmente o melhor jogador italiano em atividade.

No entanto, o ex-ídolo de Bari e Roma é dono de um temperamento fortíssimo - basta dizer que passou uma parte significativa da temporada passada sentado nas arquibancadas do lindíssimo Marassi porque brigou com Luigi Del Neri, então seu treinador na Sampdoria - e será interessante ver como esses desvios, digamos assim, de sua personalidade serão administrada pela nova comissão técnica.

Isso para não falar das maluquices que comete com alguma frequência. Para aqueles que não estão acostumados, na temporada passada chamou um árbitro para a porrada fora do campo, isso após ter atirado sua camiseta na cara dele, depois de receber um vermelho.

Novos personagens - Entre os jogadores mais jovens, e ainda desconhecidos do público brasileiro, o grande destaque é o nerazzurro Balotelli. Filho de imigrantes ganeses, mas nascido na Sicília, o atual jogador da Inter teve enorme destaque na temporada passada não pelo que fez em campo, mas sim pela impressionante série de polêmicas em que se enfiou. Basta dizer que conseguiu a proeza de ser muito, mas muito mais polêmico que José Mourinho.

A mais famosa delas veio pouco tempo depois de ter admitido que é torcedor do... Milan. Apenas isso já seria motivo mais do que suficiente para polêmicas sem fim na Itália, mas o pior ainda estava por vir. Como se sua situação com o tifoso nerazzurro já não estivesse complicada, Balotelli ainda vestiu a camiseta do Milan na versão italiana do Pânico, acreditando que nenhuma câmera flagrava aquele momento.

Menos polêmicos, mas igualmente promissores, são Poli, competente volante revelado na última temporada pela Sampdoria; Ranocchia, muito bom zagueiro do Bari - formou uma dupla interessantíssima com Bonucci na equipe da Puglia -; e os atacantes Marilungo, da Samp, mas que na última temporada auxiliou o Lecce a voltar à Serie A; Giuseppe Rossi, ótimo jogador do Villarreal que deixou Nilmar várias ocasiões no banco; e Paloschi, formado na base do Milan, mas atualmente militando na Emilia-Romana, mais precisamente no Parma.

Craques - No entanto, não serão esses jogadores que farão com que a Azzurra retorne ao topo do futebol mundial. Essa responsabilidade ficará para os incrivelmente talentosos jogadores da geração 92/93 que ainda estão exibindo seu talento nos torneios de base.

E o destaque dessa turma é Simone Verdi, que acima aparece em foto do site do clube lombardo, trequartista da equipe Primavera (júnior) do Milan e que na próxima temporada será incorporado ao elenco profissional. Verdi é uma espécie de Kaká com mais técnica - basta dizer que sendo canhoto consegue utilizar o pé direito de maneira muito mais efetiva que o brasileiro - e habilidade. Não é por nada que depois que Leonardo o levou para treinar algumas vezes com os profissionais na temporada passada acabou sendo apelidado de “Verdinho”.

Mas quando seu nome estiver sendo comentado pelos torcedores do mundo inteiro já estaremos em 2015. Até lá o torcedor italiano deve sofrer um pouco.

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